segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Sobre a leva anterior e uma brassagem muito complicada

No último fim de semana, fui para Macaé reencontrar a cerveja família e aprontar uma nova leva de Garten Biers. Como meu "sócio" não para quieto no lugar, nós tínhamos um dia e meio para fazer as duas brassagens antes que ele fosse para o Kilimanjaro. Então, dia 24 de dezembro, foi dia de panela no fogo!

Parte I - Mira e Kilimanjaro



Antes disso, deixa eu relembrar as duas últimas filhas, que estavam me esperando no primming:

A Kilimanjaro, em homenagem à viagem dele esta semana, ficou exatamente como prevista: escurona, com uma espuma branca, assim como a montanha.

É uma black porter, que foi feita com malte de chocolate, pale ale e caramel. Sou suspeita, mas ficou super duper boa!

A outra filha foi a nossa tão esperada Hibiscus Red Ale. E a cor dela é uma coisa "camaleônica"! Vou colocar logo duas fotos para saber como ela fica na sombra e no sol - completamente diferente.



O gosto do hibisco ficou super forte, mas dá para sentir a pale por trás dele. Acho que eu poderia ter abandonado essa coisa de "red ale" e ter feito uma bem clarinha, para a cor do hibisco pegar melhor. Mas acabei usando Carared e Caramel, deixando ela já bem escurinha.

As duas "filhas" receberam rótulos - os primeiros da Garten Bier! - e ficaram lindonas:

"Oi, tô linda"

Parte II - A brassagem

Para o dia 24, tínhamos planejado duas lagers: uma pilsen, terceira versão da Supernova (a segunda se chamou Everest); e uma rauchbier, ou seja, uma lager defumada. Isso porque fizemos o favor de comprar 5kg de malte defumado sem querer.

Além disso, tínhamos uma série de equipamentos novos para testar, o que atrasou consideravelmente a brassagem. O resultado foi: um pé cortado, uma mão queimada, um fundo falso (perfeito) completamente empenado e duas cervejas de baixo rendimento.

Vamos aos equipamentos:


Compramos três galões de inox do nosso amigo cervejeiro Hugo Ruffo e Garten Pai transformou ele em uma panelona. O medo era que o fogo não chegasse até a base dele, o que, felizmente, aconteceu. O problema é que virou uma panela mega pesada e alta para levantar! (= mão queimada)


Na foto da esquerda está um termômetro acoplado na panela, para pararmos de usar aquele lá do fundo, que tem que mexer igual uma colher. Não funcionou, continuamos com o bom e velho "colherzinha".

Nas duas fotos da direita, um sistema novo de mistura do mosto, com uma bomba, jogando tudo lá para cima! Teria dado super certo, se não tivesse dado TÃO, mas TÃO certo que sugou até o nosso fundo falso! Quebrando o pobre coitado... Com isso, o bagaço passou e entupiu várias vezes a bomba. Vamos tentar novamente, dessa vez fazendo a brassagem com grain bag de voal. Será que funciona ou será que ele suga a grain bag também?


Parte III - As cervejas!

Ainda estamos nos entendendo com a quantidade de água. Além disso, tivemos tantos problemas que a nossa produção foi lá embaixo. Mais ou menos 15l de cada uma - isso sem contar o que vamos perder no envase!

De qualquer forma, as novas filhas são Supernova II (a pilsen - que não se chamou III porque a última era a Everest) e a Nebulosa, nossa defumada - que acho que nem vai ficar tão defumada assim.

As receitas:

Supernova II


Nebulosa

Agora elas trabalham fervorosamente no fermento, esperando a volta do Garten Pai da África para salvá-las do balde!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Mira e Kilimanjaro: engarrafando e primming

Sente só a sessão de fotos da Kilimanjaro e da Mira, que agora passam pelo primming na geladeira. A Mira parece que vai ficar com "cara de red ale" mesmo. E a Kilimanjaro ficou bem pretona, como previsto. As duas ficaram tão limpinhas que nada ficava no nosso filtro novo de inox.



Mira sendo filtrada novamente antes de engarrafar
Mira engarrafando (dá para ver a cor dela no copo)


Coleção de Miras!
Kilimanjaro "blackona"

Ninhada





terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Panelas de barris de inox

 Muitas novidades a caminho! Para começar, nossas novas panelas que começam a ficar prontas para aumentar a produção! São três barris de inox que conseguimos da coleção do amigo Hugo Ruffo (que "brassou" com a gente a Bucconera/Bucaneira e hoje anda cervejando pra caramba por aí!).



Enquanto isso, Kilimanjaro e Mira descansam na maturação, quase partindo para o primming! E no Natal tem mais!

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Brassagem à vista!

Dois novos rótulos estão prestes a entrar para essa listinha simpática do menu aí de cima! É que tem brassagem chegando neste fim de semana!!

Ficamos um tempão sem fazer nenhuma cerveja - a última foi em janeiro deste ano, a Grano II! Durante o nosso tempo de ócio cervejeiro, começamos a matutar um jeito de aumentar essa nossa produção, de um jeito mais automatizado. (Calma, ainda não terminamos de pensar!)

Mas vamos às novas receitas:

Primeiro eu tenho que dizer que eu não contava com tantas brassagens de fim de ano aqui no Rio de Janeiro e deixei para comprar os insumos em cima da hora. Aconteceu que o Malte e Cia, onde eu sempre compro, aqui na Tijuca, não tinha um ou outro malte que eu precisava. Mas eles foram fofos o suficiente para me indicarem esse outro aqui, que tinha tudo:


Eu ainda não conhecia e fui super bem atendida, mas a Malte e Cia continua nos nossos corações por ter indicado o coleguinha! Como alguns maltes dessa nova loja eram de produtores diferentes, tive que dar uma adaptada na receita mais tarde.

1. Kilimanjaro

Olha! Desta vez tem até rótulo!

Assim como a Everest, a Kilimanjaro vem de uma das "loucuras" do meu co-cervejeiro, que decidiu fazer um rótulo especial para a aventura de Natal dele. Assim como a montanha, a nossa Kilimanjaro, uma Black Porter, vai ser super escura, com uma espuma branquinha. Já o nome, assim como a Everest, fugiu da nossa regra usual - mas em ocasiões especiais eu deixo. ;)

A receita!

Onde está Caramel/Crystal Malt, leia-se Cara Gold. Na hora, podemos dar uma aumentada nesse chocolate, se quisermos que ela fique realmente bem escura, vamos ver!

2. Mira

Como dia de brassagem bom é dia de brassagem dupla, foi a minha vez de escolher um estilo. Ainda estou engasgada com a Marte, aquela nossa red ale que não ficou quase nada red. Eu sei que várias reds não são tão vermelhas assim, mas eu não desisto de uma cor! Então...

"Oi, sou linda"
... resolvi colocar flores de hibisco! O hibisco, que dá um chá ótimo para emagrecer (#ficaadica), não tem muito gosto, mas a cor dele é sensacional. Caçando no Google Imagens vi que a minha ideia não foi tão genial assim, já existem rótulos que usam o hibisco para dar o vermelhão, mas vamos fazer a nossa versão! A quantidade vai ser completamente no olhômetro, já que eu não faço ideia de quanto é preciso para "tingir" 20 litros. O BeerSmith, inclusive, não tem a flor do hibisco como "misc", mas eu criei na nossa versão do programa, só para ilustrar a receita.


Por isso, ignorem a cor sugerida por ele. O objetivo é algo bem mais sangrento!

Quanto ao nome, Mira é uma estrela gigante vermelha e vai dar sorte na nossa busca pela cor perfeita!

Como jogamos todos os nossos lúpulos velhos fora, optei por usar os mesmos dois nas duas receitas, que terão base de Pale Ale e descansarão juntas na geladeira.

Até sábado!

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Entrando no mundo homebrewing

Há algum tempo que eu quero escrever esse post, já que um monte de amigo começou a se animar em fazer cerveja. E eu lembro muito que a gente fica meio perdido quando passa da fase de "Oi? Dá para fazer cerveja em casa? É uma coisa que se faz? Oi?". A fase seguinte costuma ser "Me passa a receita?", o que mostra o quão despreparado você está. Um monte de gente me procura para dar dicas, e eu acabo metendo os pés pelas mãos, então eu resolvi tentar colocar as coisas em ordem.

Por isso, se você está na vibe do homebrewing, vou dar um passo a passo legal para você entender se você quer realmente FAZER cerveja ou BEBER cerveja. E como começar o seu novo hobby.

Garten Bier


Dicas da Carol:


  1. Faça um curso
    Essa é sempre a minha primeira dica, e não é porque eu não quero ajudar você, eu SUPER vou ajudar você depois, mas é que fazer cerveja é uma coisa tão longe da nossa realidade, que a gente aprende coisa para caramba! Vale todos os centavos. Tem vários cursos legais por aí, mas eu sempre recomendo o do Botto, que foi o que eu fiz. Dura um domingo inteiro, tem comidas maravilhosas, a gente bebe e aprende muito. [olha como a gente estava feliz depois do curso]
  2. Adapte-se ao seu espaço
    Eu faço 20 litros de cerveja por leva. Às vezes fazemos duas levas no mesmo fim de semana, e temos planos de começar a fazer 60l. Mas isso porque usamos toda o cobertura da casa para isso e deixamos a geladeira "do churrasco" só para as nossas cervejas. Se você mora em apartamento, 20 litros é demais para você. Tem um monte de gente que se especializa em fazer galão, e é uma coisa super legal. De qualquer forma, tenha em mente que a temperatura da maturação é controlada, por isso você ainda vai precisar de um frigobar só para isso.
  3. Adapte seu equipamento
    Tem um monte de kit montado para você fazer cerveja. Mas, no fim, o que você usa mesmo são os equipamentos que você fez, garimpou, montou, furou, etc. Isso porque eles ficam mais adaptados ao que você precisa. O nosso filtro (que funciona perfeitamente) foi feito com uma forma de pizza, três pézinhos e uma furadeira. Você pode ainda escolher fazer tudo em grãos (método "all grains"), que é o que eu faço, ou ainda usar um extrato (como muitos americanos fazem em casa) e diminuir consideravelmente a bagunça na sua casa! (e não liguem quando eu disser que você está roubando no jogo, é pura picuinha minha!)
  4. Use um software
    A parada é artesanal, mas não precisa ser jogada. Você não está fazendo sopa de legumes (embora às vezes pareça). O software mais usado é o Beersmith. Ele tem um período gratuito, mas depois é pago. É muito barato, vale para mais de um dispositivo e vale muito a pena (deixa de ser muquirana, cervejeiro!). Até hoje não sei usar o BS tanto quanto eu gostaria, mas ainda é uma mão na roda na hora de montar a minha receita.
  5. Lave, lave, lave
    Uma das coisas que fazem dar mais errado a sua cerveja é a falta de higiene. Tudo tem que ser limpo. Muito limpo. Sempre limpo. Lave e higienize tudo sempre. Se contaminar a leva, vai tudo para o lixo, e dá muito trabalho fazer de novo.
  6. Não leve tudo tão a sério
    Se você não estiver tentando abrir a sua própria cervejaria e ficar rico (oi?), não ligue tanto para o PH da água, o nível de álcool, o meio grau de temperatura errado... Ninguém quer saber isso. Tá gostosa? É assim que tem que ficar. Bola para frente e na próxima você faz melhor. Ou não!
Garten Bier

Quanto tempo isso demora para ficar pronto!?

Não vou mentir para vocês: demora para fazer e demora para ficar pronto. Mas fica melhor do que qualquer cerveja comprada no mercado, porque é sua!

O dia de "brassagem", que é o dia de pegar aquele monte de ingrediente e jogar na panela, demora algumas horinhas. Umas 3 horinhas você faz uma cerveja simples. Mas a primeira vez que a gente fez foi de 9 da manhã a 9 da noite! Isso porque a gente ainda não tinha pego o jeito da coisa!

Depois disso a sua cerveja vai para a geladeira, em uma temperatura específica, fermentar. E fica lá mais ou menos uma semana.

Em seguida, é hora de tirar o fermento e deixar lá dentro maturando, e isso demora mais ou menos uns 15 dias, podendo ficar mais, dependendo do seu objetivo.

Depois de maturadas, é hora de fazer o primming (colocar o açúcar que vai virar espuma e CO2 depois) e engarrafar. E aí ela fica mais uma semaninha guardada para esse CO2 se formar.

Aí é "só" beber!
Deu pra entender porque todo mundo fica puto quando você diz que "tá boazinha"?

Checklist de equipamentos:

Essa é a lista de equipamentos que EU uso, mas isso depende muito do espaço que você tem e como você vai fazer. (Detalhe que eu aboli aquela parte de verificar densidade e blablablá. Fica bom assim e pronto)
  1. fogareiro de 2 bocas
  2. 3 caldeirões com torneira (colocamos as torneiras)
  3. 1 fundo falso de filtro (fizemos)
  4. 1 balança de, no mínimo, 5kg
  5. 1 moedor de cereais
  6. 2 termômetros
  7. 1 pá grande
  8. 1 escumadeira
  9. 1 jarra/leiteira
  10. mangueira de silicone
  11. 1 chiller (fizemos com tubo de cobre)
  12. 2 baldes de plástico
  13. 1 airlock com rolha
  14. 1 arrolhador (para as tampinhas)
  15. 1 termostato

Onde comprar os equipamentos e os insumos?

Bom, os equipamentos você encontra nas lojas para cervejeiros, mas também em lojas de material de construção, lojas de plásticos, lojas de culinária etc. É todo um garimpo.

Os lugares onde eu mais compro os insumos são:
- WE Consultoria (online)
- Malte & Cia (online e aqui no Rio de Janeiro)
- Malte e Arte (online e aqui no Rio de Janeiro) [[atualizado em 18/02/16]]

Garten Bier

Links legais para você acompanhar:

Depois disso tudo, só muita pesquisa. E você vai achar muita coisa legal na internet! Dá uma olhada nesses links aqui:

Blog do Botto
Homini Lúpulo
Blog do BeerSmith (ótimo para pesquisar sobre o estilo que você está querendo fazer)
Spent Grain Chef (ótimas receitas usando o mosto que sobra da sua brassagem)
Palestras da Concerveja

(prometo que vou atualizando essa lista aos poucos)


E aí, cervejeiro? Vamos em frente?

Se você continuou com a ideia de fazer a sua própria cerveja, e se animou até em documentar as suas aventuras na internet, deixa seu link aqui embaixo!

E, se tiverem mais alguma pergunta, tipo FAQ, manda aí que a gente responde. ;)

Boas brassagens!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Salem e Grano II - Novidades!

Nossa 13ª filha, Salem, ficou finalmente pronta! E o resultado foi melhor do que o esperado. A receita deu certinho e eu não mudaria nada. Apesar de escura e com aquele gostinho de cerva encorpada escura, ela ficou super leve. Me lembrou a nossa dark lager, que também ficou uma delícia.

Sente o álbum de família:

Salem no caldeirão (26/12/2014)
"Viraremos pães gostosos de centeio!!!"
Nosso mascote Mimimi toma conta da Salem
Salem assistindo ao Super Bowl no copo lindão da Maudite <3


Com Salem pronta, fizemos a próxima leva. Dessa vez a segunda edição da Grano dal Cielo, nossa witbier. Se vocês se lembram, a primeira edição da nossa cerva de trigo ficou um pouco beeem mais amarga do que o previsto. Bem gostosa, mas beeeem lupulada. Dessa vez eu diminuí a quantidade de lúpulo para chegar ao que eu tinha pensado antes.

Grano dal Cielo II no caldeirão (31/01/2014)
Nosso único porém?? Por algum motivo, rendeu MUITO abaixo do previsto. Em vez dos normais 17 litros, a Grano II vai render uns 11! A minha opinião é de que o problema tenha acontecido na fervura. A gente sempre divide o líquido em duas panelas para ferver, senão elas transbordam na hora de acrescentar o lúpulo. Mas a gente sempre junta de novo assim que o volume abaixa. Dessa vez a fervura foi feita toda separada, em DOIS caldeirões da bruxa on fire with lasers do cão. Ou seja: evaporou cerveja, e isso é imperdoável. Vamos precisar de uma Grano III muito em breve.

É isso, gente! Agora é só tomar coragem de cozinhar para gastar aquele monte de mosto (e aprender a congelar de pouquinho em pouquinho, e não sacões, igual eu sempre faço....).

Ciao!